sábado, 27 de outubro de 2012

Leia artigo de Roberto Cavalcanti: 'Incompetência versus corrupção'

 Quando os gestores públicos erram, os estragos são sentidos por toda uma cidade, todo um estado, toda uma nação.
Roberto Cavalcanti
Roberto Cavalcanti
A contabilização das urnas do segundo turno em João Pessoa e Campina Grande decreta, enfim, o fim das eleições municipais na Paraíba.

Mas, ao contrário do que pensa o senso comum, este não é o momento de maior importância do processo de escolha dos novos gestores municipais. O instante singular e estratégico ocorrerá mesmo em janeiro.

No dia 1º, vem o impacto real: os eleitos tomam seus assentos, promovendo uma onda de mudanças que atinge de Cabedelo a Cachoeira dos Índios.

Junto com eles, uma legião que já se acotovela, ansiosa, pelos seus assentos.

São os apadrinhados políticos (muito dos quais familiares em flagrante drible da Lei anti-nepotismo), que entram em cena de carona no fisiologismo – fenômeno que há séculos contamina a cena pública brasileira.

Eles ocuparão cargos para os quais, não raro, são completamente desqualificados. E seus erros custarão caro.

Mais do que escandalosa, a proliferação dos cargos de confiança no serviço público e sua distribuição calcada cem por cento no critério político provoca danos maiores até do que os gerados pela corrupção.

A conta foi feita pelo suíço Egon Zahneder, especialista em recrutamento com escritórios em 38 países – incluindo o Brasil. Na matemática dele, a corrupção arrasta para o ralo algo em torno de 5% dos faturamentos das instituições. A incompetência de seus gestores, porém, pode ter um impacto negativo superior a 40%.

A Paraíba, infelizmente, é pródiga em exemplos ilustrativos desta contabilidade.

E alguns casos são emblemáticos, como aquele em que um órgão estratégico do Estado foi ocupado pelo pai do ex-genro de Sua Excelência. Resultado? Golpe de pai e filho que lesaram, e muito, a população dos 223 municípios paraibanos atendidos pela companhia.

A fatura da má gestão, tão comumente paga pelo setor público ao ignorar os critérios elementares para a escolha de seus gestores, tem desdobramentos que ultrapassam a esfera meramente financeira.

Diferente do que ocorre na iniciativa privada – onde se pode até errar, mas a meta é a escalação de craques – os prejuízos não serão compartilhados apenas por um punhado de acionistas.

De fato, quando os gestores públicos erram, os estragos são sentidos por toda uma cidade, todo um estado, toda uma nação. Pois o que é gerado com o DNA da barganha política e do nepotismo só pode mesmo nascer com a fisionomia da incompetência. E promover estragos monstruosos.

Blog rafaelrag

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